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sábado, 29 de dezembro de 2012

Cotidiano



Vejo através da janela do ônibus 
Sempre o mesmo filme A cidade cinza paralisada Pessoas que dormem nas calçadas Pedintes que fazem a vida às margens Cheiro de esgoto no ar Entre carrões e milhões de populares Eu tento cochilar O aperto do ônibus arranca o meu fone de ouvido Me perco então nos gemidos Muitos sorrisos Está apertado Licença Estou resfriado Doença Há um certo prazer em toda porção de dor? E até com o ódio fazemos amor Ninguém tem culpa O sistema é assim Pegue uma lupa Verá muito em mim Estou submetido até a última instância Por mais que eu fuja da minha ignorância O meio não perdoa Todos no porão Poucos lá na proa Qual é a razão? O rodízio existe para os carros Fumaça Aqui sempre sobra Cachaça E sobe mais um prédio Aonde não cabe mais ninguém Aqui ninguém se respeita Por mim está tudo bem Não preciso conhecer o meu vizinho Entre muitos aprendi a ser sozinho Sou mais um paulista Dos mais infelizes Perco a minha vida na pista Ou embaixo das marquises

Vida amarga
Aqui alaga

Você escolhe se não tiver helicóptero
Para não pegar trânsito
Saio na madrugada

Estudo para trabalhar Trabalho para estudar
Queria mesmo saber viver Que alívio, chegou a minha vez
Vou descer...

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