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sexta-feira, 27 de abril de 2012

Como eu te quero

Te quero como nunca desejei antes
Com todo o ódio que sinto por você!
Quero descontar todos os dias distantes
E todos os instantes em que me fez te esquecer

Como algo que se perdoa
Engulo algas de uma lagoa
Fico na espreita
Doente sem receita

Represado todo o sentimento
A violência é inevitável
Vou pular e subir sobre você
Como um peixe para a desova

Sei que fiz por merecer
Cavei a minha própria cova
Curvei para florecer

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Sertanojo


                                             
Chega ser reprimida
Quero ver o seu espanto, seu suor, seu canto, mexer sua vida
Quebrar todas as barreiras
Subir nas sacadas, pular as escadas, deitar nas parreiras
Você vai calar a boca
Se eu for maltratada, eu vou ser malvada até ficar rouca
De tanto dizer 
Eu me especializei
De tanto sofrer
Eu me cansei
Chega de bancar o machão
Eu te carco na espora, vê se não me explora 
Vc está nas minhas mãos
Nao dá conta nem de uma
Eu quero dar risada, com essa piada 
Vc quer mais uma?
Por mim até pode ser
Vamos ser grandes amigas, 
Comeremos suas amígdalas 
Vc vai se f...er
É assim lá no sertão
Sem a faca na sua mão, vc é um mantega de passar no pão
Lara, laiá... 
Nem vem que eu viro as costas
O meu casco é mais duro, eu não te aturo
Agora é pra valer

A noiva


Ter que comer algo e não sentir o gosto
Não compreender o porquê de tanto imposto
Vc acredita no acaso
Veja que no fundo o mar é raso
Sinta ao seu lado, bem perto de você
Tem alguém louco para se perder
Como compreender a situação
Atenha-se a tudo que lhe diz não
Saiba a pergunta para todas as respostas
Envie para o inferno as suas propostas
Eu não vou me ater a legislação
Posso te conter em um caroço de feijão
Uma parede, uma Janela, uma telha
Uma escada, um estrado ou uma grelha
Alcatéias de caixas de isopor
Fabricadas em um disco voador
Sempre existe o verme hospedeiro
A grana que dorme no bolso dos empreiteiros
Dos hospitais faculdades e prefeituras
Superfaturadas almofadas e ataduras
As emendas que ligam o cartel
Sinta ligas desfilam no motel
O que podemos dizer da nossa singela casa?
Sucrilhos tentam se prender em uma tigela com asas
Decola degola Decodifica
Angola Ebola minha prima é rica
Qual é o preço que podemos pagar?
Até quando vamos nos sujeitar?
Pedágio, é frágil meu pedalinho
Belágio, um cofre, um golfinho
Nada, mergulha mergulhão
Fada fagulha fogaréu
Sentada no banco dos réus eu te vi
Dançava créu cantando Bem-te-vi
Velocidade em números romanos
Voracidade chinesa dos haitianos
Em marte é fácil, tá pra mim
Somos todos verdes
Como o brócolis, a rúcula e o aipim
raízes apontadas para o céu
Cachoeiras ressecadas e sem o véu
A noiva segue com o enterro
Sem saber onde está o erro

A fama e a fome...


Medo das consequências
Um novo mapa, uma nova inteligência
Novos perigos, novos caminhos, novos desafios
Velhos conhecidos travestidos no vazio
Como zumbi ou mutantes, esperando de plantão
O velho esquema e uma nova transmutação
Perto de você, prontos para te devorar
Sem te merecer, sem ao menos te amar
Como saber, como identificar
O que vai ser, para onde nos levar?
Se todos os esquemas falharam
Todas as desfesas caíram
se todos os recursos acabaram
E todas as empresas faliram
De todas as regras aplicadas qual foi a mais infeliz?
Roubaram a nossas tropas armadas por debaixo do nariz
Não é de tróia, não é de nóia, nem de Atenas
É só quem te olha e te espia com antenas
Milhoes de formigas e milhões e cupins
Roem guaridas, prédios e até marfim
São construtoras em sua grande maioria
Mas destroem vidas, muitas vidas, quem diria?
A fama mata e inflama muita gente
Alergia natural, há quem passe mal com o fator reagente
Detona e detém gente
Detergente
Cubos de gelo dissipam em uma piscina quente.
Condenados à solidão, escudos de proteção quem diria
Blindados dirigem para a nação, uma pequena maioria
Vivem na escuridão sem ter os pés no chão em plena luz do dia
Quem quer essa vida, solidez solidão, quem é que queria?
Melhor pensar, antes de começar à revelia
Sua vida não te pertence, será que te pertencia?
Higiene mental, 
Não é todo mundo que consegue
Não ser igual mostra o quanto você deve?
De leve, tire me daqui, me leve
A fama é um fumo de neve.

Incenso



Isolada em uma célula
Feito uma bactéria encapsulada
Preferia ser uma libélula
E mergulhar numa limonada
Voar alto pra bem perto de vc
Antes de virar príncipe o sapo vai me comer?
Não vamos mudar de assunto
Vc é quadrado feito um presunto
Nunca irá entender?
Que tudo aquilo que eu sinto
É bem maior que o seu casaco
A me agasalhar e me ter
Dentro de um casulo
Trancada dando murros
Sem nunca poder nascer
Sou eu, a sua amiga
Feito açucar na formiga
Quero grudar em vc
Trabalhar na rua
Morar na lua
Brilhar ao anoitecer
Nos dias de chuva
Separei umas uvas
Pra gente brincar e comer
Quando o frio é intenso
Só no seu nome eu penso
Pra poder me aquecer
Se não acontecer o que eu quero
Tensa, acendo um incenso
Pra me acalmar e te espero

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Fazenda



Nada tão grande que eu não possa suportar
Nem tão pequeno que me faça adormecer
Eu quero a esperança para plantar
E meu destino colher

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Jo Ken Po



A minha vida, um papelão.
Como posso resolver este problema que se faz latente e toma grande parte dos meus dias e noites a fio, sem sequer uma saída?
Nada do que eu faça é bom ou o suficiente… Vou morrer estudando?
Será que eu preciso mesmo disso?
Do que a humanidade ralmente precisa?
Precisamos de todo o lixo que estamos produzindo a cada dia?
De tudo o que foi produzido não se aproveitou nem 10%.
O coeficiente de frustração é 100x maior do que qualquer outro sentimento.
Os indicadores de satisfação e motivação nunca são utilizados…
Estamos programados para viver de maneira automática, condenados à uma rotina de frango criado para o abate.
Sob as luzes fluorescentes crescemos, e cada dia mais, confinados em frente a um computador evoluímos à luz da ignorância.
Satisfeitos com o nosso consumismo, baseado na culpa e no escapismo, num desespero frenético do prazer imediato ou para sermos aceitos...
Aceitos por quem?
Quem forma opiniões e é responsável por nossos sonhos e pesadelos além de nós mesmos?
Quem se apresenta sem ser convidado e está dentro de nossas casas, nos momentos mais íntimos?
Quem nos dá conselhos e nos critica ferozmente ao ponto de mudar nossas atitudes e opiniões?
Quem é essa força coletiva e invisível que atravessa paredes, capta a nossa atenção wireless, assalta e nos rouba o pequeno espaço livre em nosso subconsciente?
O que mais nos é imposto com a mais nova e cruel ditadura de futilidades e beleza a qual estamos submetidos?
A cerveja é um Deus?
Os carros são ingressos para o céu?
Pessoas como eu são alienadas?
Estamos todos em busca do quê? O homem e o álibi da evolução...  Nosso estudo pelo trabalho e o traballho pela sobrevivência. Onde fica a nossa humanidade? O que é essência? Viramos máquinas de captar e distribuir dinheiro, meros caixas eletrônicos de uma vida sombria e breve?
Enquanto entupimos as estradas e avenidas todos os dias em busca de mais, somos entulhados e reprimidos por todas as forças.
Violentados em todos os momentos de descanso, alegria e distração possíveis.
E nessa linha tênue entre a informação e a propaganda, nos dividimos feito torcidas organizadas em um estádio de futebol...
As crianças apenas cresceram, mas as fraquezas continuam as mesmas, quando não pior, mais carentes.
Vamos deixar que todos brinquem com o nosso ego e façam de nossas mentes uma latrina onde todas as necessidades básicas serão satisfeitas!
Voce faz comigo, eu faço com você! Usamos o que podemos do consciente coletivo...
Ninguém sabe exatamente o tamanho dos icebergs sociais que bóiam nessa água poluída. Ou sabe?
O que fizeram das prioridades? Fizeram as unhas com isso? Essa lista foi entregue para o papai noel?
Eu entreguei a minha há muito tempo atrás...  Estava eu, sentada no colo de um boneco, joguete do sistema. Rogava para que o próprio sistema fosse reformado.
Ainda se mata e se morre por uma cesta básica? Um relógio? uma mulher? duas pedras?
Jo ken Po
Que as tesouras cortem todas as rebarbas que ficaram dessa conversa, não quero ser resposabilizada por más interpretações.

Pena de vida





Com base nas filas de doação de órgãos que temos nos hospitais, e toda a necessidade atual de transplantes:
Poderíamos criar a Pena de Vida - Para todos os indivíduos que fossem comprovadamente autores em primeiro grau de crimes hediondos envolvendo morte e crueldade com terceiros.

 A pena é simples:
O sujeito entra no corredor da vida e doa a sua vida para quem não cometeu nenhum crime.

Doa a córneas para todos aqueles que injustiçadamente perderam o direito de enxergar;
Doa o coração para quem merece ter um;
Doa a pele para tatuagem e peças de decoração em presidios, os queimados terão tabelas de cores para escolher;
Doa os pulmões para quem não resistiu viver nas cidades poluidas à inalação involuntária de fumaça e vapor de córregos imundos;
Doa o sangue para as pessoas que não podem se importar com hereditariedade;
Os cabelos podem ser doados para a confecção de pincéis, que por sua vez produzirão belos quadros.
Os ossos podem confeccionar pentes, próteses, botões dentre outros utensílios e souvenirs fabricados artesanalmente nas cadeias.

 Temos uma lista infinita de possibilidades de vida e transformação para as pessoas cujo o crime foi destruir outras vidas cruelmente.

Os direitos humanos ficariam do nosso lado desta vez?