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segunda-feira, 23 de janeiro de 2017


Sinto uma angústia enorme trancar a minha garganta e tomar a minha voz.
Como uma casca que aprisiona a minha casa e nós.

Não quero sentir nada
Não preciso de mais nada

Nem a fome do mundo a roçar os dentes afiados em minhas pernas
Nem a inveja alheia em uma falta de capacidade de empatia implícita e tão moderna

Não tenho contratos subtendidos com ninguém
Não quero morrer sem nenhum motivo e tola como um refém
Das próprias palavras ou de outros

O esgoto já está cheio e você alheio
Nunca é demais e gratidão é algo visto com desgosto
Nunca basta, você me gasta, leia meu rosto
Nunca está satisfeito

Intolerância é tão nefasta com tudo que é imperfeito
Mulher, pobre e desempregada no terceiro mundo
Ouvindo o choro dos bebês
E o ladrão na porta dos fundos

Sem ajuda médica ou conhecimento algum
Onde fui amarrar meu Oxum?

Triste ver o que mais ama se diluir em seus braços e nada poder fazer
Pentagrama que me encurrala, que droga de laço é esse que veio para me prender?
A única certeza que tenho é que o câncer evolui, o resto é dúvida

A chuva cai, nada mais flui além de minhas dívidas
Arrasto grandes correntes na cozinha e na senzala
Não gosto desse ambiente que mais tortura do que embala

A fala torta e seus instrumentos na vida
Me faltam braços, mãos e pernas para atender expectativas
E quando os tenho é com descontrole e sem nenhuma diretiva

Traçar objetivos?
Voltar para o trabalho?
E saber que muita merda só dá prazer para o caralho?
E quando o termo é feminino... Abriu as pernas, é feminazi
Nada mais divino do que colocar a pica na mesa como tú fazes?

Que se foda
Ou escrevo ou impludo
Posso ser seu criado
Maltratado, esquecido, mas nunca fui mudo
Ouça os gritos do seu escudo

Já gozei no espaço e viajei entre as galáxias na posição yoga do cachorro no CIO
A melhor transa que eu tive foi sozinha e sem você BROW
É meu vazio

Não preciso de nada e de ninguém
Se é para torturar inocentes
Se não sentes
Não me encontre no além
E não conte comigo

Não dá para exigir respeito de quem não sabe o que é isso
Ou você tem ou come chouriço

A distância entre o pensamento e o real é o trabalho
Eu sempre soube disso e que leva tempo eu sei, o mundo é falho

Não dá para pensar direito, frente a tanto disperdício
De vida, de amor e de luz

Amor sem polícia
Terra sem Jesus
A chave que abre a minha fenda não é aquela de cruz

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